17/11/2013

Biodiesel de dendê pode poluir mais que óleo diesel comum, diz estudo internacional

Biodiesel de dendê pode poluir mais que o diesel comum. Estudo leva em conta poluição gerada desde a produção, o desmatamento e a aplicação em ônibus e caminhões e máquinas

Por Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes


Ambientalistas e estudo internacional alertam para os riscos de desmatamentos e maiores emissões de gás carbônico pelo biodiesel de dendê em comparação ao óleo diesel usado nos ônibus e caminhões. Foto: Greenpeace.

Aposta da Petrobrás de da Vale do Rio Doce como fonte de energia renovável para mover ônibus, caminhões e máquinas que dependem de diesel, o óleo de palma, ou óleo de dendê, é apresentado como combustível com vantagens econômicas e ambientais.

Mas uma pesquisa do Instituto de Transportes da Universidade de Califórnia, em Davis, realizado pelas especialistas Sahoko Yui e Sonia Yeh mostra o que muitos ambientalistas vinham advertindo.

O óleo de dendê como combustível pode emitir mais poluentes, em especial CO2 Gás Carbônico, que o próprio óleo diesel comum, ainda mais em comparação aos S 50 ou S 10, usados nos ônibus e caminhões que seguem às novas normas de restrição de poluição.

O levantamento mostra os impactos ambientais desde o plantio, produção até o uso final para alimentar os motores.
O primeiro aspecto levantado pelas pesquisadoras são as alterações no solo e no clima para expandir a produção de palma. No caso do Pará, o maior produtor, haveria desmatamento maior da floresta amazônica da região.

Também há o transporte do óleo e a própria emissão nos motores.

De acordo com a BBC, a publicação do estudo mostra três cenários diferentes quanto ao uso de dendê:
“Publicado na revista Environmental Research Letters, o estudo criou três cenários diferentes para analisar, durante três décadas, a quantidade de carbono emitido durante a produção do óleo de palma.

A principal diferença entre os cenários é a possibilidade de o plantio da palmeira não ocorrer apenas em áreas já desmatadas, como determina o Zoneamento Agroecológico da Palma, mas tomar áreas protegidas, diante da fiscalização precária na região.

No primeiro cenário, apenas um terço das plantações aconteciam em regiões já desmatadas, com o restante ocupando áreas de conservação ambiental e em terras indígenas.

No segundo e no terceiro, uma proporção maior das plantações (46% e 78%, respectivamente) ocorria em áreas já desmatadas.

Em cada cenário, 22,5 milhões de hectares de terra foram usados para a plantação, gerando quase 110 bilhões de litros de biodiesel por ano.

No primeiro e no segundo cenários, onde havia nenhuma ou pouca fiscalização, a mudança no uso da terra resultou em, respectivamente, 84 e 69 gramas de CO2 emitidas por megajoule. De acordo com a Comissão Europeia, a intensidade da emissão de carbono com o diesel é de 83,3 gramas de CO2 por megajoule.

No entanto, as pesquisadores deixam claro que se a extração, o refino, o transporte e a combustão real do biodiesel forem levados em consideração e adicionados às emissões calculadas nesses dois cenários, o total de emissões vai superar em grande escala a do diesel.” A aposta do Governo Brasileiro em relação ao dendê para biodiesel, é a produtividade.

A soja pode produzir 550 quilos de óleo por hectare enquanto o dendê pode render seis toneladas por hectare.

Fonte: Blog Ponto do Ônibus

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