Podemos ter VLT sim, mas agora é melhor o BRT



No artigo da semana passada questionamos a forma como está sendo pensada a implementação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) para Natal. Investir somente nas linhas existentes, como está sendo proposto, é aumentar a conta a pagar de linhas deficitárias.

A verdade é que só teremos VLT de verdade quando tivermos um projeto ousado e de implantação de uma rede de transportes integrada, que aproveite o potencial dos diversos modais de transporte público: ônibus, trem, veículos leves sobre trilhos, bicicletas. Hoje, que ninguém nos ouça, não temos esse projeto na esfera municipal nem na estadual do Poder Público. Sem demérito ou juízo de valor a quem quer que seja.

Além disso, qualquer projeto sério de melhoria de mobilidade de uma forma ampla, passa pelo desestímulo ao uso do automóvel. Isso mesmo, desestímulo ao uso de carro particular em benefício do transporte público. Mas este é outro assunto que trataremos depois especificamente. Evitemos a polêmica sobre ele agora.

Voltando ao foco do nosso tema desta semana, o mais fácil e mais barato para este momento em Natal (pré-Copa do Mundo) é implantarmos o BRT (Bus Rapid Transit), através de uma rede de corredores de ônibus nas principais avenidas da cidade.

O BRT custa de 4 a 20 vezes menos que sistemas de veículos leves sobre trilhos (VLT) e entre 10 a 100 vezes menos que um sistema de metrô. Quer ver outro cálculo: 11 quilômetros de VLT levam 7 anos para serem implantados, enquanto o sistema de ônibus leva de 2 a 3 anos. E aqui não estou dizendo que o BRT é melhor que o VLT. Eles podem, e devem, ser sistemas complementares, mas hoje é mais fácil e barato utilizar os ônibus.

Em nossa opinião, o que deve ser feito, para no futuro termos um sistema de Veículo Leve sobre Trilhos de verdade é fazermos as coisas no tempo e da forma correta. A escolha do modelo a ser adotado deve considerar alguns pontos: qual a demanda a ser atendida (número de passageiros)? Qual o tipo de região onde vai operar? E qual a relação custo/benefício. Essa relação, aliás, é importantíssima: quanto vai custar para implantação e depois para operação, pois não basta inaugurar a obra sem ter a certeza de que a quantidade de passageiros será suficiente para gerar receita de manutenção.

A verdade é que sem planejamento, projetos técnicos e integração do sistema de transporte na Região Metropolitana de Natal, o máximo que vamos ter é de vez em quando é uma obra viária nova aqui e ali para empurrar os engarrafamentos de um ponto para outro da cidade.

Com a Copa de 2014, temos uma grande oportunidade de evoluirmos na questão do transporte da Grande Natal, mas com projetos viáveis economicamente e que possam sair do papel. Neste momento o melhor é o BRT.

Fonte: http://www.nominuto.com/blog/mobilidade-urbana/