Carteiras: alunos reclamam de bloqueio

A suspensão de carteiras de estudantes, anunciada semana passada pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, pode ter afetado alunos regularmente matriculados em escolas e universidades de Natal. O fato foi constatado durante a manhã de ontem, em frente aos postos de atendimentos a estudantes e guichês para venda de passagens que funcionam no shopping Via Direta, onde alunos procuravam explicações para o bloqueio.

Emanuel Amaral
A universitária Amanda Laissa Nunes lembra que o cartão de ônibus deixou de funcionar no início do mês de julho
A Comissão de Fiscalização da Meia Passagem da Semob informou que bloqueou cerca de 2,5 mil carteiras após constatar pendências de duas instituições de ensino junto ao município - a Central Geral dos Trabalhadores (CGTB) e a Associação dos Alfabetizadores do Brasil Alfabetizado RN, ambas temporariamente desabilitadas para emitir o documento.

Segundo estimativas da Semob, o universo de estudantes aptos a receber o documento em Natal é de 323 mil pessoas, e que há 543 instituições de ensino cadastradas na Secretaria.

A universitária Amanda Laissa Nunes de Souza, 22, graduanda no curso de Relações Internacionais da Universidade Potiguar, lembra que o cartão de ônibus (emitido pelo Seturn/Natal Card) deixou de funcionar no início do mês de julho de uma hora para outra. "Achei estranho, pois ainda tinha seis reais de crédito no cartão, e cheguei a perguntar para amigas se o problema também havia acontecido com elas. Como estava de férias, só estou procurando resolver o problema agora", informou.

Após consulta ao sistema Central de Estudantes, que interliga o cadastrado de escolas, da Semob e do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros (Seturn), verificou-se que seu status está regular. "Me disseram, durante o atendimento, que não há como explicar o problema, e que tenho que ir até a Ribeira para desbloquear o cartão".

As estudantes Fabrícia Dayana Linhares, que cursa Assistência Social na Fatern; e Aline Gabrielle Medeiros, aluna da UnP, que também tiveram seus cartões suspensos sem motivo aparente, conseguiram reverter a situação na central de atendimento do Seturn na Ribeira. "Foi fácil, passaram o cartão em uma máquina lá e resolveram, mas ninguém soube explicar nada sobre o motivo do bloqueio", recorda Aline Medeiros.

Já Fabrícia, que passou 15 dias pagando passagem inteira, tem o cartão de ônibus urbano e o selo emitido pela Prefeitura, mas terá que tirar outra carteira de estudante para poder pagar meia nas linhas intermunicipais. "Sou de Santa Cruz, e esse selo não é reconhecido pelo DER-RN como identidade estudantil", lamenta.

O caso do estudante Rafael Pires Gabriel Júnior, 22, aluno do curso de design gráfico da escola Gracom, na Cidade Alta, é um pouco diferente. Ele está pagando tarifa integral há mais de 40 dias, e foi informado que "a escola onde estudo terá que reenviar documentação para fazer outro cadastro. O problema é suspender sem avisar nada".

Na listagem obtida pela TN, com a relação de estudantes que tiveram suas identidades estudantis suspensas e procuraram o posto de atendimento no Via Direta, constam estudantes de escolas e universidades públicas e particulares. A orientação é para que o estudante, que tiver sua carteira suspensa, procure uma entidade estudantil - em Natal são quatro entidades habilitadas: URNE, DCE-UFRN, Abern e Ujern.

O diretor de operações e permissões da Semob, Donato Fernandes, disse por telefone que o selo emitido gratuitamente pela Prefeitura de Natal vale como carteira de estudante em todo território nacional, "pois são emitidas com a chancela da UBES e da UNE", e que o fato do DER-RN não conceder meia passagem aos estudantes que moram em outras cidades "esbarra em questões políticas": "Se a Prefeitura estendeu o benefício para alunos do Estado, não há motivos para o DER não reconhecer a legitimidade do selo. A questão é que há parceria do órgão com as entidades que emitem carteiras", criticou.

Sobre a suspensão de carteiras, o diretor garantiu que o bloqueio só pode ser feito pelas próprias escolas e universidades. "No caso da rede particular, alunos podem ter as carteiras suspensas caso esteja inadimplente. Há casos também de cartão com defeito, má utilização, entre outros problemas". Ele lembrou que o cálculo da tarifa do transporte urbano também considera a quantidade de carteiras de estudantes emitidas.

Fonte: Tribuna do Norte