BRT, uma solução para os problemas de transporte e trânsito

Por Eiblyng Scardini Menegazzo - Superintendente da Fetronor

Visto que o transporte coletivo de passageiros nas grandes cidades, e também nas médias cidades, tem enfrentado grandes problemas. Isto em função da ausência de políticas estruturantes para o setor. Atrelado a este, o governo federal optou por uma política de incentivos a indústria automobilística, e ao setor de crédito que proporcionou a uma grande parcela da população a possibilidade da compra do carro próprio. Uma conquista de um sonho. Somos totalmente favoráveis a isto, trabalhamos e lutamos para o crescimento do país em todos os sentidos. Se o país cresce, crescemos todos. É preciso desmistificar que o setor de transporte de passageiros vive às custas do trabalhador assalariado. Mas somos contrários a inércia governamental frente aos grandes problemas ocasionados pelo congestionamento de nossas vias, pela inserção cada vez maior de carros particulares. É preciso que se tenha em mente também, que a construção de novas vias, rodovias, pontes, e viadutos, não resolverão o problema de transporte e trânsito. O aumento na frota de carros particulares no Brasil, nos últimos 10 anos, e desproporcionalmente maior que todos os índices apresentados pelo Brasil. Enquanto a população no país cresceu 12,3% nos últimos 10 anos, a frota de veículos aumentou 119% neste mesmo período, segundo dados do DENATRAN, e este levantamento é de 2000 a 2010, ou seja, podemos aferir este crescimento para 2012 em 142%. Considerando também que cerca de 85% da população brasileira vive nas cidades, começaremos a entender o problema do transporte e trânsito.

A frota de veículos no Brasil, em análise cruzada com a população, dá um total de 01 veículo para cada 2,94 habitantes. Se considerarmos que a estrutura viária de nossas cidades praticamente permanece a mesma desde a década de 70, passamos a vislumbrar um cenário caótico, que se materializa a cada dia quando tomamos o carro, ou o transporte público, e nos direcionamos para nossas atividades, ou retornamos para casa. O mesmo trajeto que fazíamos há três anos, hoje levamos mais que o dobro do tempo para percorrê-lo. Após estas considerações fica claro e notório que Maceió, bem como todas as outras grandes cidades brasileiras precisam de VLT, de Metrô, de BRT, de Monotrilho, e de Barcas onde couber este modal. A questão é a urgência das soluções para o presente problema. Temos certeza absoluta que a situação ainda vai piorar, mas não podemos perder o foco das soluções. Atualmente a solução mais viável em termos de custo benefício, é o BRT, que inclusive foi criado no Brasil na década de 70 e atualmente dezenas de cidades e países possuem este sistema, dado sua favorável condição de custo benefício. A viabilidade está no custo de implantação, que é três vezes menos que o VLT, e possui prazo de implantação, que é de cerca de 2 anos entre projeto, construção e operação, além do custo de operação do sistema ser menor que dos demais modais como o VLT.

Temos o exemplo da implantação do VLT na cidade do Porto, sendo referência para alguns governos estaduais no Brasil. Pois o VLT do Porto, em pouco mais de 10 anos de operação,acumulou um déficit de mais de sete bilhões de reais. Precisamos considerar o custo da tarifa para escolha destes modais. Quanto maior o investimento para implantação, maior será o custo da tarifa. Como este alto custo não pode ser repassado para os usuários em forma de tarifa, os governos precisam subsidiar o sistema (neste caso quem paga a conta somos nós contribuintes) ou a operação precisa encerrar as atividades. No caso do BRT, a implantação é menos custosa, já temos toda a tecnologia aqui mesmo no Brasil, e em muitos casos pode ser usada a malha viária já existente, dando faixas exclusivas para a rodagem apenas dos ônibus BRT, havendo apenas a necessidade de modernização e padronização das estações de embarque e desembarque (paradas).

Somos favoráveis que existam todos os modais, mas dado a urgente necessidade de se viabilizar soluções, o modal que possui maior vantagem técnica e competitiva, sem dúvidas é o BRT. Diríamos então que os governos precisam necessariamente investir nos BRT’s e planejarem os investimentos futuros em VLT’s e futuramente caso necessário o metrô. O BRT possui a eficiência do VLT, com um custo três vezes menor para implantação e operação do sistema, contribuindo assim para uma tarifa de menor custo. Ou seja, um menor tempo de construção, três vezes mais barato, custo de operação mais barato, atendimento de maior capilaridade, apresentando tarifa de menor custo. Com estas condições, somos naturalmente inclinados à escolha e indicação do BRT como fonte primária de soluções para os problemas de transporte e trânsito. Ressaltamos a importância dos demais modais posteriormente a instalação dos BRT’s para concretização destas soluções, e não se pode abrir mão do dever de planejar, caso contrário seremos atropelados pelo caos no sistema de transporte e trânsito.

Fonte: FETRONOR