29/11/2012

Marcopolo conta a sua história em livro

Considerada a maior fabricante de carrocerias de ônibus do mundo, com 17 fábricas em 9 países nos cinco continentes, sendo cinco no Brasil, a Marcopolo conta parte de como chegou onde chegou por meio do livro ‘Marcopolo, sua viagem começa aqui’, que reúne entrevistas e histórias de 93 personagens entre colaboradores, distribuidores, fornecedores e clientes que relatam, a partir de sua experiência, a trajetória da empresa de 65 anos que nasceu em Caxias do Sul (RS).

O projeto do livro surgiu há dois anos, conta seu autor, fundador e presidente emérito da Marcopolo, Paulo Bellini.

“Observando toda a história que tivemos, ficamos convencidos de que seguimos o caminho certo. E quem fez isso? Quem fez acontecer? Todos os colaboradores de chão de fábrica, supervisores, gerentes e executivos que passaram e os que ainda estão por aqui. E nada melhor do que fazer uma homenagem permanente, a melhor que pudemos fazer: reconhecer o trabalho contando sua história, a história da Marcopolo”, disse Bellini durante a apresentação de seu livro para jornalistas, na quarta-feira, 28, em Caxias do Sul.

O próprio Bellini lembra algumas histórias, como quando fundou a empresa, em agosto de 1949, “sem experiência e sem dinheiro”, relata. “Já nascemos em crise, não tínhamos dinheiro e fabricávamos. Isso foi até bom, para nos habituar e enfrentar as próximas que viriam”, comentou.

A motivação pelo próprio projeto o levou a abrir a empresa com apenas 22 anos e com a ajuda de dois sócios, os irmãos Nicola, que anos depois, abriram o próprio negócio, o que deu à empresa Carrocerias do Nicola um novo nome, o de Marcopolo, em 1968. Com a saída dos antigos sócios, Bellini convidou Valter Gomes Pinto e José Fernandes Martins para ajudar na administração. Hoje, Pinto é diretor e Martins membro do conselho de administração, além de acumular a presidência da Fabus, associação das encarroçadoras no Brasil.

Bellini recorda que logo que nasceu, a Marcopolo, com 17 funcionários, demorava 90 dias para montar um ônibus. As carcaças eram de madeira e adaptadas conforme o pedido do cliente, a ponto de transformar um modelo rodoviário em um urbano. Havia precariedade e muito improviso, diz, lembrando o caso de montagem de pequenas fogueiras para descongelar tanques de diesel durante as temporadas de frio no Sul. “Não tínhamos conhecimento nenhum em como montar ônibus, esse negócio não existia no País. Começamos com um marceneiro, um soldador e uma pessoa que sabia estofar bancos. A melhoria veio depois, com a estrutura metálica. Tivemos avanço significativo em 1975, com a chegada dos primeiros italianos, que tinham uma boa base de serralheria.”

O negócio deslanchou mesmo em 1957, com a vinda da Mercedes-Benz para o Brasil, conta Bellini. Depois vieram Scania, Volvo e, bem mais tarde, a Volkswagen começou a fabricar chassis, o que gerou a necessidade de criação de novos modelos e diferenciação de portfólio.

O executivo diz que o divisor de águas para a Marcopolo foi quando decidiram inovar e conhecer novas formas de produção, quando havia necessidade do mercado. Em meados de 1980, a empresa decidiu verificar e conhecer as técnicas japonesas, como just in time, kanban, kaizen e sumam, que eram pouco utilizadas no Brasil, mas muito comentadas como fórmula de sucesso na época. Em duas semanas, Bellini e o então diretor industrial, Cláudio Gomes, visitaram onze empresas no Japão. O executivo então decidiu implantar uma nova cultura na empresa, que atingisse desde os funcionários do chão de fábrica até os de altos cargos. O processo demorou 8 anos - de 1986 a 1994 - mas, segundo ele, garantiu um novo ambiente de trabalho, resultando em produtividade e qualidade.

“O segredo para o sucesso está na motivação: se você tem pessoas motivadas no trabalho, 90% dos problemas serão solucionados”, revela.

Hoje, a Marcopolo é líder de mercado no segmento rodoviário, com 70% de participação, enquanto soma cerca de 30% de share no mercado de urbanos. Para escrever suas histórias, Bellini contou com a colaboração do diretor Valter Gomes Pinto, da jornalista Suzana Naiditch, responsável pelas entrevistas, e da psicóloga Marilda Vendrame. A obra conta ainda comum depoimento do chairman do grupo indiano Ratan Tata, além do prefácio do ex-ministro da Indústria e Comércio, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, e com a introdução por Roberto DaMatta, escritor, colunista e professor de antropologia social da PUC-RJ, que discorre sobre a relação das pessoas com o veículo ônibus.

O livro ‘Marcopolo, sua viagem começa aqui’, de Paulo Bellini, tem lançamento marcado para 12 de dezembro, na Livraria Cultura, no Conjunto Nacional, em São Paulo. A primeira tiragem de 3 mil unidades será vendida a partir do próximo mês em livrarias de todo o País.

Fonte: Automotive Business

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