08/07/2013

O ônibus caminha para o transporte limpo

Empresas já possuem ônibus e motores menos poluentes. Basta o poder público fazer sua parte.
 
ADAMO BAZANI – CBN

Quando se fala em sustentabilidade, o poder público é um dos primeiros a estufar o peito e falar da importância da preservação da natureza. Mas na hora de tomar uma iniciativa, nem sempre é o pioneiro, para não dizer quase nunca.

No mercado de ônibus é o que ocorre. Apesar de existirem algumas linhas de financiamento, algumas parcerias, ainda é muito pouco perto do que a indústria pode oferecer para que o transporte coletivo seja ainda mais sustentável.

Ainda mais porque mesmo movido a diesel, o ônibus já é uma solução para o meio ambiente. Ele pode transportar, em média, o equivalente ao que 40 carros e se for levada em conta a proporção por pessoa, para transportar um passageiro de ônibus gera-se de 17 a 34 vezes menos poluentes que se o transporte fosse feito de carro particular e moto.

Mas o ônibus pode ser ainda muito mais amigo do meio ambiente.
Além de linhas de financiamento, o poder público precisa, no entanto, oferecer uma estrutura mínima de rodagem. Corredores de ônibus são essenciais para veículos limpos. Mas eles podem circular fora de corredores também. Bastam que as ruas sejam minimamente bem asfaltadas. Afinal, o frotista não quer ver seu investimento num veículo que normalmente é mais caro ser estragado em buraqueiras nas ruas.
E as indústrias provam mais uma vez na Transpúblico 2013, feira de transportes e mobilidade, que ocorre até esta sexta-feira, no Expo Transamerica, que as opções de ônibus menos poluentes aumentam no mercado.

A Mercedes Benz mostrou uma solução economicamente viável para as empresas e que traz ganhos ambientais: um motor que funciona a diesel que segue às novas exigências de redução de poluentes e também a GNV – Gás Natural Veicular.

Trata-se do OM 926 LA biocombustível . O motor foi desenvolvido a partir do OM 926 LA de 6 cilindros e 7,2 litros, que atende à legislação Proconve P-7 (equivalente ao Euro 5), com o GNV sendo o principal combustível.

Além de admitir o diesel S 50 ou o diesel S 10, o motor pode trazer ainda mais ganhos ambientais ao poder usar diesel de cana de açúcar, ou misturas de biodiesel junto com o Gás Natural Veicular.
O Gás Natural é injetado no sistema coletor e eletronicamente que decide o momento propício de seu uso de acordo com as condições de operação.

O gerente de desenvolvimento de motores da Mercedes Benz, Gilberto Leal, diz que o uso do Gás Natural pode corresponder a 90% do funcionamento do motor com significativas reduções de poluentes.
Sem grandes alterações no motor básico a diesel foi possível atingir até 90% de relação de substituição de diesel por GNV. Nesta proporção há uma redução de 18% nas emissões de CO2, um dos principais gases do efeito estufa, e ainda redução de cerca de 30% de material particulado”. – disse Gilberto Leal.

De acordo com a Mercedes Benz, as alterações das partes elétrica e eletrônica do ônibus foram pequenas para o funcionamento do motor flex. O sistema de redução catalítica seletiva para seguir as normas Euro V é o mesmo com a colocação de um catalisador de oxidação para redução de emissões de monóxido de carbono e metano.

O responsável pelo setor de ônibus na América Latina da Mercedes Benz, Ricardo José da Silva, disse que a atual conjuntura econômica e de produção da América Latina não permite ainda o uso só de GNV para motores de ônibus.

O ônibus pode também funcionar só a diesel. É como se fosse um carro flex normal. Além do gerenciador eletrônico no automático, o operador pode escolher qual combustível usar. E sabemos que ainda há muitas oscilações quanto ao gás natural, sua produção e seu preço. Então, precisamos responder a estas duas demandas: a necessidade de transportes mais limpos mas ao mesmo tempo que passe segurança econômica para as empresas “ – disse Ricardo José da Silva.
Os ônibus com este tipo de motor devem começar a circular em 2015.

HÍBRIDO BR JÁ ESTÁ A DISPOSIÇÃO DO MERCADO

Outra solução ambiental da Mercedes Benz já disponível para a venda está o Híbrido BR. Um ônibus com motores elétrico e a diesel, com tecnologia em série ou seriada, isto é, o motor diesel não é usado para movimentar o ônibus. Ele só gera energia para o motor elétrico ser responsável por toda tração do ônibus.
A Mercedes diz que o veículo traz diversas novidades em relação aos híbridos mais antigos. Inicialmente porque ele é 100% nacional. Ele foi desenvolvido em parceria com a Eletra, empresa de tecnologia de tração elétrica para ônibus pertencente ao Grupo da Viação ABC e Metra.

Para a Mercedes a parceria com a Eletra foi importante já que a empresa traz o desenvolvimento tecnológico e a experiência de operação nas ruas e corredores que o Grupo ABC possui.

Destaque também para as baterias que armazenam a energia que não é usada no momento da geração (como, por exemplo, com o sistema da frenagem regenerativa). Elas são mais simples e baratas, além de terem capacidade maior.

Segundo a Mercedes Benz, o Híbrido BR é pode reduzir em 95% a emissão local de materiais particulados e em 20% o consumo do diesel.


Motor flex diesel e GNV da Mercedes Benz é uma das novidades para transportes coletivos mais limpos e econômicos. Redução de emissões de gás carbônico pode chegar a 18% e de materiais particulados a 30%. Sistema gerencia a aplicação do gás e do diesel, mas o frotista também pode selecionar o combustível que achar melhor de acordo com as condições operacionais e até mesmo o momento econômico do setor de combustíveis. Foto: Adamo Bazani.

VOLVO TAMBÉM APOSTA NA ELETROMOBILIDADE

A Volvo também aposta nos ônibus do tipo elétrico híbrido e vai além ao classificar a eletricidade como o futuro dos transportes coletivos de passageiros sobre pneus.

A empresa já produz em série desde 2012 um modelo de elétrico híbrido na unidade de Curitiba, no Paraná. É a primeira fábrica deste tipo de veículo fora da Suécia. E foi em Curitiba, desde outubro de 2012, que os veículos ganharam as ruas. Já há encomendas para São Paulo e negociações para outras cidades.
A tecnologia escolhida é paralela. Tanto o motor diesel como o elétrico são responsáveis pelo funcionamento do ônibus. Quando o ônibus está parado, no momento da partida e até 20 quilômetros por hora, que são os momentos que os ônibus comuns mais poluem, quem faz o veículo funcionar é o motor elétrico. A partir de 20 quilômetros por hora, entra em operação o motor diesel.

A Volvo tem mais de mil ônibus híbridos circulando em 21 países. A marca acredita que em breve, no mundo, o ônibus só a diesel será coisa do passado, a começar pela Europa.

O gerente de ônibus urbanos da Volvo Bus Latin America, Euclides Castro, diz que em 10 anos a matriz energética dos ônibus vai se inverter e que haverá mais unidades elétricas totais ou elétricas híbridas do que a diesel.

Na Suécia, a empresa apresentou um articulado híbrido com capacidade para 154 pessoas e, segundo nota da Volvo, em 2015 já estarão prontas as primeiras unidades híbridas plug in para linhas de maior distância.
Paralelamente ao constante desenvolvimento do atual ônibus híbrido, a Volvo Bus também desenvolveu um híbrido plug-in, que pode ser carregado através da rede elétrica nos terminais de ônibus. Isto facilitará a operação em distâncias mais longas usando a eletricidade limpa e silenciosa, reduzindo o consumo de energia em até 60% e as emissões de dióxido de carbono em pelo menos 80%. O híbrido plug-in será testado durante durante dois anos no trânsito em Gotemburgo, e o início da produção em série está prevista para 2015“.


Elétrico Híbrido da Volvo se consolidou no mercado. De acordo com a Volvo, a começar pela Europa, os ônibus movidos a diesel serão minoria em cerca de dez anos. Foto: Divulgação


IVECO APRESENTA O MINIBUS DAILY

Na Transpúblico 2013, a Iveco também apresentou uma solução de transportes que pode trazer mais benefícios à natureza.

Trata-se do minibus Iveco Daily totalmente elétrico.

O Daily Electric 50C/E, o Minibus Elétrico, é no Brasil veículo-conceito com emissão zero de poluentes, movido por baterias de sódio e níquel. Como o País tem um potencial turístico em áreas de preservação ambiental, que ainda pode ser ampliado, a Iveco já visualiza um mercado maior de transportes neste segmento. Como não emite nenhum tipo de poluição em sua operação e é um veículo pequeno, o Minibus Elétrico pode minimizar os impactos do turismo nas áreas de preservação. Na Europa, o minibus já é utilizado por diversas empresas para o transporte fretado de funcionários, além de parques públicos para operações sem impacto na natureza.

A Iveco explica as principais aplicações e características do veículo:
O Minibus Elétrico também pode ser utilizado em operações urbanas de distribuição de curta distância, principalmente à noite, pois é bem silencioso. Já no segmento turístico, ele pode rodar com segurança em locais como o Parque Nacional de Fernando de Noronha. Com emissão zero de ruídos e poluentes, o Minibus Elétrico é produzido na Europa e oferece capacidade de carga para 19 pessoas mais o motorista, entre-eixos de 3.950mm e Peso Bruto Total (PBT) de 5,6 toneladas. Sua autonomia de rodagem é de 100 quilômetros na aplicação urbana, e a velocidade máxima é de 70 km/h. Seu motor elétrico entrega 109 cavalos de potência, e é do tipo assíncrono trifásico controlado com inversor, com um sistema de bateria Fiamm Sonick que funciona com três módulos, feitas com sódio e níquel. Sua recarga pode ser feita por plugues alimentados por painéis fotovoltaicos, levando um tempo de até oito horas”.


Minibus Daily totalmente elétrico é aposta da Iveco para turismo sustentável no País que tende a crescer em áreas de preservação ambiental, assim como as exigências de transportes mais limpos nas cidades. Foto: Divulgação.


SCANIA E A APOSTA NOS TRÓLEBUS

A Scania aposta numa solução que aparentemente é antiga, mas que hoje é uma das mais modernas não só no País, mas em todo o mundo: o trólebus.

Hoje os novos trólebus não são mais sinônimos de quedas de alavancas e longas filas quando falta energia, garante a indústria.

Junto com a fabricante nacional de tecnologia limpa Eletra, a Scania forneceu para os sistemas de São Paulo e do Corredor Metropolitano ABD, no ABC Paulista, mais de 120 trólebus com chassi de 15 metros de comprimento e de três eixos.

As unidades possuem alavancas pneumáticas, que possibilitam menos quedas, e baterias que dão autonomia para o trólebus circular independentemente de rede área em caso de problemas em subestações ou mesmo de fornecimento.

E o veículo traz muitas vantagens. Ele dura até três vezes mais que o ônibus convencional, é silencioso, não emite nenhum poluente e mais, digo não só como fabricante, mas como quem usou nestes veículos: é gostoso andar de trólebus, quase não tem tranco, não tem barulho e o conforto é muito grande” – disse Wilson Pereira diretor do mercado de ônibus da Scania.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes

Fonte: Blog Ônibus Brasil

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