15/03/2013

Investir mais e melhor

Por Clésio Andrade Senador Clésio Andrade, presidente da CNT e do Sest Senat​

Em nosso país, o principal agente na constituição de uma infraestrutura de transporte completa é, indiscutivelmente, o poder público, em seus diversos segmentos, especialmente o governo, como orientador de políticas públicas para a atualização permanente do marco legislativo da exploração e funcionamento dela ou como investidor nos moldes do que determina anualmente o Orçamento da União.

Porém, os números também mostram duas enormes dificuldades que os sucessivos governos não conseguem solucionar. A primeira diz respeito ao volume de recursos investidos e o que seria preciso de fato para a construção dessa infraestrutura. O Plano de Logística da CNT indica, para a construção da infraestrutura de transporte ideal, a necessidade de investimentos superiores a R$ 400 bilhões, em todos os modais de integração nacional e em projetos urbanos. Concluímos, dessa forma, que os investimentos do governo até aqui não são suficientes para a construção do sistema de transporte que desejamos.

E é exatamente olhando para o Orçamento da União que vemos a maneira como o governo vem investindo nesse sistema essencial para o desenvolvimento do país. Há décadas, nós reivindicamos uma agenda que contemple a construção de uma infraestrutura de transporte condizente com uma atividade transportadora moderna e eficiente, sem a qual o país estará eternamente condenado a manter os custos de uma logística pouco competitiva que onera nossas exportações no concorrido mercado global e dificulta a distribuição dos produtos para o consumo interno.

Ao fim do exercício fiscal de 2012, observamos no Orçamento da União que, nos três últimos anos, houve um aumento de 34% nos valores autorizados para os investimentos, passando de R$ 17,23 bilhões, em 2010, para R$ 23,09 bilhões, em 2012. Os números em sua expressão exata mostram uma disposição do governo em promover melhorias na infraestrutura de transporte.

A outra dificuldade diz respeito à qualidade do planejamento e dos projetos realizados pelo governo que implicam num reduzido efeito dos investimentos. Os insuficientes recursos reservados para investimento não são verdadeiramente investidos. Dos R$ 17,23 bilhões reservados, em 2010, apenas R$ 13,84 bilhões foram efetivamente pagos. E dos R$ 23,09 bilhões autorizados no ano passado, somente R$ 10,33 bilhões foram gastos. Ou seja, o governo, por alguma razão, (ambiental, burocrática ou outro motivo que sempre representa reações a imprevistos), fica sujeito a não executar os projetos, retardando ainda mais a disponibilidade de boa infraestrutura.

No último semestre de 2012, vimos o governo anunciar planos, com a participação de empresas privadas, para ajudar a construção de nossa infraestrutura de transporte, os transportadores estão dando crédito à iniciativa. Contudo, não há razão para que se negligencie os investimentos diretos do governo, aplicando com pouco zelo os recursos do Orçamento da União.

A qualidade dos investimentos públicos pode ser fator decisivo para que finalmente nosso país possa contar com a infraestrutura dos países modernos ou, no mínimo, acabe com o custo Brasil, fator fundamental para o atraso dos brasileiros no seleto clube das grandes logísticas globais. ​

Fonte: FETRONOR

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